A experiência de pessoas com deficiência na Cultura em 2023

O estudo “Acessibilidade na cultura 2023: experiências das pessoas com deficiência e Surda” foi realizado pelo Obi.Media/ICNOVA com o apoio filantrópico da Fundação Ageas e do Turismo de Portugal. 15.05.2024

O estudo “Acessibilidade na cultura 2023: experiências das pessoas com deficiência e Surda” foi realizado pelo Obi.Media/ICNOVA, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, a pedido da Access Lab. Teve o apoio filantrópico da Fundação Ageas e do Turismo de Portugal.

As pessoas com deficiência e Surdas participam em eventos culturais, revela um novo estudo da NOVA FCSH. No último ano, num universo de 237 inquiridos, 50% participaram em entre 2 a 5 eventos. 63% indicaram ter experienciado algum tipo de dificuldade.

O sumário executivo pode ser consultado com infográficos aqui, o relatório completo aqui.

No global, as pessoas indicam como maior dificuldade (63%) a atribuição ou visibilidade dos seus lugares. Quando focados na última experiência, as dificuldades são reveladoras: 55% sobre instalações sanitárias adaptadas; 85% em programação acessível (como Língua Gestual Portuguesa e/ou Audiodescrição); 58% na bilheteira; e 85% em filas prioritárias.

O inquérito pedia a classificação da última experiência. Esses resultados foram: 9% como excelente; 46% como boa; 30% como média; e 6% como má. Esta foi uma pergunta com um campo aberto complementar que, nos 30% de média, as respostas referem experiências paradigmáticas:

“Escolho média, pois adoro participar. No entanto, é sempre um horror para mim o peso sensorial (movimento, pessoas, não há prioridades numa fila, nada está adaptado) .... Acabo por ficar mal nos 3, 4 dias seguintes... Preciso de tempo para recuperar. Se os eventos forem adaptados, poderá ajudar a que as consequências não sejam tão negativas.”

É ainda de salientar o tipo de eventos em que os inquiridos participaram, dado que mais de 80% foi a festivais ou concertos, 51% foi ao cinema, 38% participou em eventos de teatro ou artes performativas e 34% visitou exposições.

No universo de inquiridos, foi possível caracterizar a deficiência em questão, uma pessoa pode ter mais que um tipo de incapacidade: 66% identificaram ter deficiência motora; 16% deficiência visual; 7% perda de audição; 10% surdez; 7% deficiência intelectual; e 9% neurodivergência. É relevante assinalar que 80% dos inquiridos indicam ter atestado multiuso de incapacidade.

Os investigadores fazem três recomendações de investimento futuro:

  • Na literacia, “formação dos profissionais da cultura”.
  • Na comunicação, onde “é possível reconhecer ausência de informação, e desinformação com impacto no acesso ao evento”, recomendando-se um “foco na comunicação para a inclusão”.
  • Por último, “condições para fruição estética”, onde é realçada a necessidade de investimento na programação com recursos de acessibilidade.

O estudo “Acessibilidade na cultura 2023: experiências das pessoas com deficiência e Surda” foi realizado pelo Obi.Media/ICNOVA, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, a pedido da Access Lab. Teve o apoio filantrópico da Fundação Ageas e do Turismo de Portugal.

João Machado, Presidente da Fundação Ageas, sublinha que “a nossa experiência enquanto Fundação diz-nos que a auscultação atenta e extensiva das pessoas que estão em situação de vulnerabilidade é um dos pontos mais importantes do processo de definição de uma resposta social. Sem essa análise, tende-se a desenhar soluções top-down desadequadas ou, pior, desconhecer por completo as nuances das causas e consequências do problema. Nesse sentido, foi sem dúvidas que a Fundação Ageas apoiou a elaboração deste estudo por entidades de referência e pretende continuar a apoiar iniciativas semelhantes que coloquem a acessibilidade à cultura na agenda mediática, em Portugal.”

Já Teresa Ferreira, Diretora do Departamento de Dinamização dos Recursos Turísticos do Turismo de Portugal, afirma que “a construção de um destino turístico coeso, inclusivo e sustentável, que permita o enriquecimento pessoal e cultural de todos, deve ser um compromisso comum dos múltiplos intervenientes dos setores cultural e turístico. Neste sentido, é crucial o desenvolvimento de manifestações culturais que possam contribuir para a atração de turistas nacionais e internacionais para todo o território, ao longo de todo o ano, impulsionando assim as economias locais. Nesse sentido, a recolha de informação credível sobre o público com necessidades específicas, quer físicas, sensoriais ou cognitivas, assume uma grande importância, já que permite compreender e melhorar a experiência deste público em eventos culturais, bem como melhorar as respostas por parte da oferta. O estudo da Access Lab e Universidade Nova de Lisboa, que também contou com o apoio do Turismo de Portugal, proporciona esse conhecimento aos organizadores de eventos e deverá ser uma fonte de inspiração para termos, cada vez mais e melhores eventos acessíveis a todos.”

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